A depressão pós-parto

Todas as mulheres que já foram mães, sabem que muito provavelmente não há nada mais bonito no mundo nem nada que lhes traga mais felicidade. No entanto, para 20% das mulheres portuguesas, essa felicidade não é assim tão notória: a depressão pós-parto existe e causa muito transtorno a uma família.

Não há como questionar que a presença da mãe no desenvolvimento dum bebe é essencial, certo? A mãe que chega a casa com um filho nos braços precisa de ter força, energia e capacidade quer física quer psicológica para lidar com esta nova situação. Tipicamente, um recém-nascido é um ser que precisa de comer de duas em duas horas, que chora algumas vezes ao dia, que acorda os pais durante a noite e que precisa de muita, mas muita atenção. Nem todas as mães estão preparadas para isto e começam a sentir-se num turbilhão de sentimentos que não é vantajoso. Uma recém-mamã é por normal alguém já ansioso com este novo papel, se começar a descobrir em si sentimentos depressivos, de tristeza e de angústia é uma mãe que não vai transmitir ao seu bebé a protecção que ele precisa.

É obviamente errado pensar que as mulheres ficam depressivas por não gostarem do seu rebento ou algo do género. Nada é mais mentira! As mulheres que sofrem de depressão pós-parto amam tanto os seus filhos como aquelas que não sofrem: simplesmente, têm mais dificuldade em lidar com este novo mundo. Durante os primeiros dias, o apoio da família é fundamental. No entanto, nem todas temos os pais ou irmãos a morar a 5km de distância e o mais certo é o nosso marido começar a trabalhar logo alguns dias depois do parto, certo? Aquela altura em que o bebé chora tempos seguidos e não se consegue descobrir o porquê dele chorar, torna-se completamente exaustiva. O problema mais grave é que nem todas as mulheres conseguem detectar que estão a viver uma depressão pós-parto. Se não for diagnosticada nem tratada, a principal vitima desta doença será o seu filho que irá começar a desenvolver-se com uma mãe que alterada emocionalmente e incapacitada.

As causas da depressão pós-parto são mais algumas para além das referidas. Para além de todos os sintomas emocionais, a própria alteração a nível hormonal porque a mulher passa, e a debilitação física normal depois de um parto são factores que podem desencadear este estado.

Se ainda não leu muita coisa sobre este assunto, se felizmente não sofreu disto ou se nunca lidou com uma amiga com este transtorno, enumeramos alguns sintomas de quem está a passar por uma depressão pós-parto:

  • Ataques de pânico: as mulheres sentem-se confusas mentalmente e completamente desorientadas.
  • Necessidade de isolamento: obrigatoriamente há, de inicio, um afastamento da vida social que implicam perdas afectivas. O que vai acontecendo é que a própria mãe vai perdendo a vontade de estar com amigos e familiares e com o agravamento da doença pode mesmo extinguir toda a comunicação com o exterior;
  • Tristeza profunda: sensação de angústia, de medo, de uma tristeza sem explicação como se tivesse a viver uma tragédia.
  • Muito cansaço: engloba o cansaço físico e o psicológico. A mulher deixa mesmo de ter vontade de exercer as actividades mais básicas do dia-a-dia. O pior disto, é que o cansaço é demasiado e o estado de alerta é constante. O cansaço agrava-se porque a mulher descansa pouco e quando dorme, acorda constantemente.
  • Ansiedade: o facto de o bebé chorar por tudo e por nada, de não conseguir perceber o porquê disso, que a fazem andar em estado de ânsia e a ficar demasiado preocupada com o que o seu filho possa ter. Isto pode estender-se à sua própria saúde.

Se sabe exactamente do que se fala aqui, sabe também que a maioria das mulheres que passa por isto sente-se culpada pois acha que está a viver um sentimento de rejeição em relação ao filho. Acaba por se tornar obsessiva e descuida-se em relação a si própria.

Nunca é demais dizer que o apoio familiar e de pessoas próximas é fundamental e que a recém-mamã deve continuar a fazer as coisas que a faziam feliz antes de ser mãe. Deve continuar a cuidar dela própria, a fazer exercício físico, a ler o livro preferido e sobretudo nunca deve deixar de partilhar as dúvidas, interrogações e medos que possa sentir. Acima de tudo (como em tudo o que diga respeito à saúde), quanto mais cedo o diagnóstico, mais rapidamente vem a cura!

1 Comentário

  1. Isabel Ferreira Maio 2, 2011

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