Família: o papel de madrasta

Começar uma relação com alguém que já tem filhos de relações anteriores é sempre uma incógnita. Quando conhecemos aqueles que vão ser os nossos enteados existem sempre duas opções: ou eles gostam ou não gostam de nós. Muitos enteados olham para as madrastas como bruxas más ou aspirantes a substitutas da mãe. É quase como pensar que temos de conquistar pelo menos duas pessoas: o pai e o filho ou a filha.

Nestes casos, existem sempre os dois pontos de vista. A madrasta tem (ou suponha-se que tenha) de dar atenção a rebentos que não são seus e existe quase sempre uma obrigação moral de não errar. Para os filhos existe o dever de serem politicamente correctos para não sofrerem uma repreensão da parte do pai. Por incrível que pareça, o papel de padrasto é quase sempre muito melhor aceite do que o papel de madrasta, sabia? “O padrasto veio tirar a mãe da solidão e distraí-la da dor que sentia.” é quase sempre uma justificação para a boa aceitação.

Ora, se começa uma relação com alguém que já tem filhos, avizinham-se tempos de descoberta pela frente. Em primeiro lugar, o mais importante é ser incondicionalmente apoiada pelo seu companheiro. Era irreal se ele por algum motivo, se virasse contra si ou dificultasse esta nova relação, certo? O seu companheiro tem a função de depositar extrema confiança no seu poder de educação e demonstrar aos seus filhos que a madrasta vai ter autoridade sobre eles. Por vezes, esta situação torna-se complicada devido a personalidades mais difíceis por parte dos miúdos mas há que nunca desistir.

É claro que se sabe que nem todos os casos acabam felizes: há madrastas sem qualquer autoridade sobre os enteados e não estão autorizadas a exercer qualquer poder sobre elas. São pais que tentam proteger os filhos, demasiado. Em primeiro lugar, uma regra importantíssima: seja paciente. As relações de amizade e de amor raramente nascem de hoje para amanhã. É o que vai acontecer aqui certamente. Ao longo do tempo vai ganhando maturidade no assunto, vai ganhando “calo” com a situação e a experiencia ditará se será uma boa madrasta ou não. Não tenha pressa e acredite que é o dia-a-dia que vai servir para se ligar às crianças.

Lembre-se também que ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Da mesma maneira que não escolhemos por quem nos apaixonamos, não temos todos o mesmo gosto no que diz respeito a pessoas. O que quer dizer, que pode acontecer (esperamos que não seja o caso) o desenrolar dum sentimento de antipatia que nunca mais vai ser contrariado. Se isto acontecer, embora não exista mais nada, é obrigatório que exista pelo menos o sentimento de respeito. Esse sim, deve exigir e aplicá-lo também. Pode nunca vir a ter a simpatia dos miúdos, mas a boa educação deles, é indispensável.

Há muitos aspectos a ter em consideração para além dos que foram ditos. Nunca, mas nunca deixe que a personalidade vincada dos seus enteados atrapalhe a sua relação. Não aceite de bom animo que o seu companheiro a chame à atenção em frente aos miúdos. Aceite a honestidade das crianças mesmo que seja difícil de ouvir (por vezes, elas têm a mania de dizer coisas como “nunca vais ser minha mãe”). Tenha sempre a noção de que está a integrar uma família que foi desfeita e que por consequência ainda poderão existir nos miúdos sentimentos adversos. Acima de tudo lembre-se que as crianças dão valor a pequenas coisas como fazer-lhe o pequeno-almoço preferido, levá-los a andar de bicicleta ou ajudá-los nos trabalhos da escola.

2 Comentários

    • lais damiani Julho 14, 2012

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